A onda do gênero cozy fantasy

Ilustração no estilo cozy, da artista Lulu Chen, para o livro The Spellshop, de Sarah Beth Durst, ainda disponível apenas em inglês

Você já ouviu falar em cozy fantasy? Ou, simplesmente, livros cozy? Se ainda não conhece o termo, vale a pena descobrir — especialmente se você anda buscando histórias mais leves, que abraçam o coração em vez de fazer o sangue ferver com batalhas, mistérios sombrios ou tramas de tirar o fôlego.

Nos últimos anos, a Geração Z, composta por jovens nascidos entre meados da década de 1990 e o início dos anos 2010, tem demonstrado um interesse crescente por narrativas que oferecem conforto e escapismo, refletindo uma busca por experiências que aliviem as pressões do cotidiano. Esse fenômeno é evidenciado pela popularidade do subgênero literário conhecido como cozy fantasy.​

Cozy (que significa “aconchegante” em inglês) é um jeitinho carinhoso de nomear um tipo de literatura que tem como missão principal deixar os leitores confortáveis. Isso mesmo: esses livros são como uma manta quentinha, uma xícara de chá ou um fim de tarde preguiçoso. A ideia é mergulhar em narrativas suaves, com cenários acolhedores e tramas que falam sobre relações humanas, amizade, recomeços e descobertas — tudo isso com uma boa dose de fantasia, mas sem espadas, monstros assustadores ou guerras intermináveis.

A proposta é simples: trocar a adrenalina pela ternura. Em vez de dragões que destroem reinos, temos ogros que abrem cafeterias, fadas que acolhem órfãos mágicos e bruxas que se dedicam à jardinagem e ao cuidado com os outros.

Um dos queridinhos do gênero é o livro Cafés & Lendas, de Travis Baldree, que conta a história de uma ogra aposentada que decide abrir uma cafeteria numa cidade onde ninguém sabe o que é café. Outro título que segue essa mesma vibe é A casa no mar Cerúleo, de TJ Klune. Nele, um homem metódico vai até um orfanato mágico supervisionar o cuidado com crianças especiais — entre elas, um anticristo em miniatura. Mas o foco da trama não está em ameaças apocalípticas, e sim nas relações de afeto que podem transformar vidas.

Se antes a fantasia transportava para mundos perigosos, agora muitos leitores querem escapar para lugares onde o perigo maior é errar a receita do pão ou lidar com a ansiedade de fazer novos amigos. Em tempos de epidemia de ansiedade, notícias pesadas e ritmo acelerado, esse tipo de leitura funciona como um respiro.

Livros de colorir

Nos últimos meses, outra atividade tem conquistado espaço entre os jovens da Geração Z: os livros de colorir! O que antes era visto como uma simples diversão infantil agora se transforma em uma ferramenta de relaxamento e expressão artística para adultos.​

Dias quentes, da coleção Bobbie Goods, é um dos livros de colorir mais vendidos no Brasil

Segundo dados da Nielsen Bookscan, entre o final de dezembro de 2024 e o início de março de 2025, mais de 150 mil exemplares de livros de colorir foram vendidos no Brasil. Esse ressurgimento é impulsionado por ilustrações que apresentam personagens fofos e pela influência de criadores de conteúdo que compartilham suas obras nas redes sociais. ​

A tendência também se reflete no mercado de materiais artísticos. Itens de pintura sofisticados, com preços que podem chegar a R$ 1.500, têm sido procurados por entusiastas que buscam aprimorar sua experiência de coloração. ​

Esse fenômeno não é inédito. Há cerca de uma década, livros como “Jardim Secreto”, da ilustradora Johanna Basford, alcançaram grande popularidade entre adultos que buscavam uma forma de aliviar o estresse. A prática de colorir é reconhecida por promover relaxamento, melhorar a concentração e estimular a criatividade. Tudo é válido em nome da saúde mental.

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