Salto, por que me encanta tanto?

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat (Foto: I. Guidi/Pinterest)

Quando menina, andar pelas ruas arborizadas da cidade era um prazer sem igual. Todo dia, eu fazia o trajeto de casa até a escola caminhando pelas sombras das árvores frondosas da rua Rui Barbosa. Aos sábados esse prazer se estendia até as piscinas da Associação Atlética Saltense e, aos domingos de manhã, até a praça da Matriz Nossa Senhora do Monte Serrat, quando ia para a missa e encontrava os amigos debaixo das sombras das árvores que circundavam a igreja. Nessa época, eu me locomovia a pé de um canto a outro da cidade e me encantava com a beleza singela que encontrava pelo caminho.

Eu também me encantava com a exuberância da cachoeira do Tietê após as chuvas de verão, para onde corríamos na primeira estiagem a fim de admirar a beleza das águas que a abertura das comportas propiciava para os saltenses. Se o índice pluviométrico era excessivo, o nível do rio transbordava seu leito e inundava áreas ribeirinhas. Lembro quando meu pai chegava em casa com a notícia de que o rio tinha coberto a Ilha Grande e corríamos até a esquina da rua Joaquim Nabuco com a 24 de Outubro para espreitar a força das águas. Em tupi-guarani, Tietê significa “rio caudaloso” e teve importância direta no desenvolvimento da cidade, com a instalação das primeiras indústrias têxteis do estado de São Paulo, que afluíram para Salto em busca dos benefícios da Usina de Lavras – segunda hidrelétrica construída no leito do Rio Tietê.

Ponte Pênsil sobre o rio Tietê (Foto: Claudio Fulas/Flickr)

Outra atração que me encantava era a Ponte Pênsil. Foi construída em 1913, com 75 metros de extensão, para facilitar o acesso dos pescadores ao Porto das Canoas, ao lado da antiga fábrica da Brasital. Atravessá-la era uma aventura sem igual porque o seu balanço me remetia a situações improváveis, que a minha imaginação fértil criava facilmente. Lembro que, certa vez, empaquei no meio da ponte. Tinha medo de seguir em frente e receava voltar atrás. Tudo porque tinha uma travessa de madeira quebrada no piso da ponte e eu me imaginava escorregando para o leito do rio por aquele minúsculo espaço. Alguém, então, decidiu me colocar em ação balançando a ponte energicamente de um lado pro outro. E eu voltei correndo para terra segura, guardando na memória a lembrança daquele instante. Em que outro lugar poderia eu ter me encantado tanto? Salto, porque ainda me encanta!

1 comentário em “<strong><strong>Salto, por que me encanta tanto?</strong></strong>”

  1. Lindo texto Anna! Nossa terra, 325 anos!
    Mas viu, ainda criança, eu já achava uma tremenda sacanagem os adultos balançarem a ponte quando nós estávamos passando por ela só pra rir vendo a gente gritar ou voltar correndo de medo…

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