Tetralogia Napolitana da escritora Elena Ferrante

Terminei de ler as mais de 1.700 páginas da tetralogia napolitana de Elena Ferrante, pseudônimo de uma das principais escritoras europeias da atualidade, e experimento uma espécie de luto literário por Elena Greco (Lenu) e Rafaella Cerullo (Lila/Lina) protagonistas dessa obra-prima da literatura contemporânea. Assim como Lenu, eu também tenho uma amiga genial! Aliás, acho que todos nós temos um amigo especial, ainda que o tratemos por outra forma: melhor amigo, amigo de infância ou amigo confidente, mas amigo de toda uma vida e para o que der e vier. Por isso, minha identificação com a protagonista-narradora foi imediata.

Concebida originalmente para ser publicada em apenas um volume, a trama precisou ser dividida em quatro livros, com pouco mais de 400 páginas cada, quando a autora viu as páginas de seu texto se avolumarem ao escrever passagens de sua vida mesclada a aspectos históricos. Nesse aspecto, a tetralogia lembra o melhor da literatura russa!

Outro aspecto que merece destaque é que ninguém conhece a verdadeira identidade da escritora (ou seria um escritor?). Esse mistério não apenas intriga o leitor, mas impossibilita a checagem sobre os pontos comuns entre a vida da escritora e sua obra. Portanto, fica a dúvida se o livro trata de questões autobiográficas ou é puramente ficção.

O primeiro livro da tetralogia é “A amiga genial” e começa com o filho de Lila informando a Lenu que a mãe havia desaparecido. Ela, então, decide escrever sobre o relacionamento delas para que as lembranças não sucumbissem juntamente com o desaparecimento da amiga. É assim que somos conduzidos para o início da década de 50, quando a família de Lila se muda para um bairro pobre de Nápoles, onde Lenu vivia. Esse fato transformará a vida da narradora. Nesse livro iremos conhecer a fase de vida escolar das amigas, que termina após a conclusão da quinta série e cada uma delas toma um rumo diferente.

No segundo livro, “História do novo sobrenome”, a trama começa contando sobre a festa de casamento de Lila e conduzirá o leitor para reflexões profundas, que passarão pela descoberta da sexualidade até a falta de liberdade de escolhas das jovens na sociedade de meados do século XX.  A escritora também trará para o enredo um contraponto entre as amigas, despertando inveja, provocando disputas e brigas.

“História de quem foge e de quem fica” é o terceiro livro da tetralogia e aborda aspectos da vida adulta das amigas, passando pela questão da maternidade até a busca por justiça social. Nesse livro, a autora expõe as dificuldades em ser mulher em uma sociedade machista e mostra o poder da amizade nas relações sociais se sobrepondo aos interesses pessoais. Leitura densa! Foi o livro que demorei mais tempo para concluir.

E o quarto livro é “História da menina perdida”, que contará sobre a reaproximação física das amigas com Lenu voltando a residir no bairro de Nápoles. É o ápice da saga, mas não exatamente o fim do enredo. Temos a conclusão sobre a vida da maioria dos muitos personagens que povoam a tetralogia, mas ficamos ansiando por mais um livro: o último, por favor, Elena Ferrante!

3 comentários em “<strong><strong>Tetralogia Napolitana da escritora Elena Ferrante</strong></strong>”

  1. Sim, essa tetralogia é apaixonante. Antes de iniciar a leitura, tem-se a impressão que não daremos conta de ler os 4 livros em um tempo legal, sem se perder a emoção do primeiro livro, mas basta começar que vemos que é impossível parar de ler e ao término ficamos com gostinho de “quero mais”.

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