O Fantasma da Ópera

O Fantasma da Ópera foi escrito pelo francês Gaston Leroux e publicado originalmente em capítulos, como era costume na época, entre setembro de 1909 a janeiro do ano seguinte.

Na obra, o protagonista, nascido com o rosto deformado, vive escondido nos subsolos de um teatro em Paris por causa de sua fealdade. A história fez sucesso imediato na França e rapidamente ganhou fama internacional.

No prefácio, o autor afirma que o Fantasma da Ópera existiu e que ele, o escritor, foi tomado pela ideia de ser possível explicar racionalmente os fenômenos assombrosos e, sobretudo o misterioso desaparecimento da soprano Christine Daaé, depois de examinar os arquivos da Academia Nacional de Música. Dito isso já no início do livro, o leitor mergulha na história sabendo que o F da Ó não é um fantasma e os fatos misteriosos ocorridos no teatro são mais do que rumores. Porém, o leitor apenas compreenderá quem é esse protagonista mascarado quando de fato concluir a leitura do epílogo.

Até esse momento chegar, o leitor se entreterá com a trágica história de um triângulo amoroso: a jovem soprano Christine, o visconde Raoul de Chagny e Erik, o Fantasma da Ópera.

Tudo começa quando Christine, que perdeu a mãe aos 6 anos de idade, passa a acompanhar o pai, Sr. Daaé, grande violinista, em apresentações nas feiras da área rural da Escandinávia. Ela, uma graciosa menina na época, encantava o público por sua beleza e voz doce – o pai terá grande influência no desenvolvimento da trama ao contar para a filha sobre a existência do Anjo da Música.

Ainda nessa fase da trama haverá uma importante mudança de vida para os Daaé, que acabarão indo viver em Paris sob a proteção do Professor Valérius e sua esposa. Também será nessa fase que Christine e Raoul irão se apaixonar. Mas essa paixão foge às convenções sociais da época.

Na Parte II do livro, o leitor irá descobrir a vida pregressa de Erik e compreenderá como ele se tornou no F da Ó.  Também entenderá, de forma racional como o autor prometeu no prefácio, como o protagonista construiu a casa do lago no subsolo do teatro e montou os alçapões que servem de armadilha de proteção para a sua moradia. Entre as armadilhas, o leitor será apresentado à Câmara dos suplícios, forrada de espelhos que refletirão uma floresta do Congo e o deserto do Saara, de onde é impossível escapar com vida. Portanto, o suspense se mantém até as últimas linhas do livro.

Para finalizar essa Dica de Leitura, gostaria de trazer um tópico para reflexão. O Fantasma da Ópera é um livro classificado atualmente como ficção gótica, mas não sei como se rotulava esse gênero no início do século XX na França. O que sei é que a literatura francesa traz pelo menos dois outros grandes clássicos, publicados com um século de diferença entre eles, com essa mesma temática: uma bela jovem que se envolve com um monstro, que vive escondido em uma edificação magnífica. Eu me refiro aos livros O Corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo (1831), e A Bela e a Fera (1740). Este último, inclusive, escrito originalmente por Gabrielle-Suzanne Barbot só conquistou fama quando Jeanne Marie LePrince de Beaumont publicou uma versão reduzida e modificada da obra, em 1756. Então, terá Gaston Leraux sido influenciado por essas leituras ao escrever O Fantasma da Ópera?

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