Pilares para um bom prefácio

Na primeira vez em que fui convidada para escrever o prefácio de um livro fiquei um tanto perdida, sem saber ao certo por onde começar. Sabia, obviamente, que o prefácio deveria introduzir a obra para o leitor e conter uma rápida apresentação do autor. Porém, como fazer isso em poucas linhas de forma instigante? Foi, então, que busquei inspiração no prefácio que Rachel de Queiroz escreveu para meu livro de estreia e que tanto me encantou! A renomada escritora conseguiu definir, de forma sucinta e precisa, o que o romance de fato representa para mim. Então, para compor meu primeiro prefácio, persegui o objetivo de escrever de forma clara e concisa, usando como modelo a mestre da literatura regional, e gostei do resultado.

De lá pra cá, tive a honra de apresentar diversos livros e seus autores, sempre tendo em mente esse “modelo de precisão”, que desenvolvi inspirada no prefácio escrito por Rachel de Queiroz e, agora, compartilho com vocês.

O primeiro pilar para escrever um bom prefácio é mergulhar na leitura!

Eu leio o texto sublinhando os trechos que mais me tocam, mas sem interromper o prazer dessa primeira leitura. Depois, releio os trechos sublinhados e destaco palavras-chaves que ajudarão na composição do prefácio.

Segundo pilar: escrevo essas palavras-chaves e, por meio delas, reconto de forma sucinta o conteúdo do livro. Feito isso, releio o que escrevi e, sem dó nem piedade, corto o excesso. Repito o processo e extraio o suprassumo do texto.

O terceiro pilar do prefácio consiste em introduzir o autor no contexto.

Via de regra, convite para escrever prefácio parte de escritor-amigo. Quando é esse o caso, introduzir o autor no texto do prefácio é relativamente fácil. Mas, se o autor não é assim tão conhecido, recomendo analisar seu estilo de escrita com a leitura de outros trabalhos. Podem até mesmo ser escritos publicados em redes sociais e outros veículos de comunicação. É muito importante falar com propriedade sobre o autor do livro que se está prefaciando – a não ser, é claro, que você seja um mestre da escrita, como Rachel de Queiroz!

Quarto e último pilar: revisão final.

Vale lembrar que o prefácio é a introdução do trabalho de outro escritor. Portanto, quem tem de brilhar é ele! O palco é dele e você está ali apenas como mestre de cerimônia. Ou seja, alguém que precisa salientar os pontos altos daquele trabalho e enaltecer o que mais encanta na leitura, de maneira geral. Por isso, com raríssimas exceções, é fundamental subtrair-se do texto e do contexto.

É claro que não existe receita pronta para escrever um prefácio, porque sua escrita depende intrinsicamente do conteúdo que se está prefaciando e das características de seu autor. Mas, eu tenho usado esse “modelo de precisão” ao longo dos últimos 20 anos de forma satisfatória e espero que, ao compartilhar minha experiência, possa ajudá-los nesse desafio. No mais, boa inspiração para vocês!

4 comentários em “<strong><strong>Pilares para um bom prefácio</strong></strong>”

  1. Eu acho que o prefácio é como se fosse a entrada de um jantar. Ele abre o nosso apetite pro prato principal. Um prefácio bem escrito aguça a vontade de continuarmos a leitura. Eu já li alguns que não causaram impacto nenhum na leitura, fazendo que eu não entendesse o motivo de ele estar lá. Por isso, se for para prefaciar algum livro, suas dicas são deveras importante.

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